Espelho

Olho-me no espelho

e escuto as palavras que não consigo dizer

Vejo tudo que sou

e não aquilo que pretendo ao mundo parecer

Os olhos estão rasos,

ocupados por tantas tristezas...

São minhas eternas lembranças

emergindo das profundezas

Modificam e impregnam todos os meus sentidos

Misturam-se em minha essência.

Meus prazeres antes queridos,

diluem-se lentamente,

numa metamorfose sofrida...

Tanta energia desvalida

a alegria sendo aos poucos consumida

Não há referência, não há identidade...

não sou eu de verdade!

Sou para o mundo aquilo que quiser:

uma fantasia, um disfarce,

uma lógica qualquer,

mas nenhum deles mostra a realidade.

Somente o espelho, maldito e inquieto,

me impõe face a face...

Nadia Voga
Enviado por Nadia Voga em 12/07/2008
Reeditado em 10/11/2023
Código do texto: T1077333
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