Espelho
Olho-me no espelho
e escuto as palavras que não consigo dizer
Vejo tudo que sou
e não aquilo que pretendo ao mundo parecer
Os olhos estão rasos,
ocupados por tantas tristezas...
São minhas eternas lembranças
emergindo das profundezas
Modificam e impregnam todos os meus sentidos
Misturam-se em minha essência.
Meus prazeres antes queridos,
diluem-se lentamente,
numa metamorfose sofrida...
Tanta energia desvalida
a alegria sendo aos poucos consumida
Não há referência, não há identidade...
não sou eu de verdade!
Sou para o mundo aquilo que quiser:
uma fantasia, um disfarce,
uma lógica qualquer,
mas nenhum deles mostra a realidade.
Somente o espelho, maldito e inquieto,
me impõe face a face...