SÚPLICAS AO VENTO.
Vento que move moinhos, que alimenta o fogo das queimadas, dizimando ninhos e passarinhos,
tanto mata quanto suaviza, vento enquanto brisa.
Vento que toca o barco soprando a vela, que assovia na madrugada tremendo a janela,
que seca o gôzo da donzela...
Secai também o meu pranto porque de amor sofro tanto,
um trapo jogado num canto, esparrela, zumbi morto de saudade dela.
Aos sete ventos eu grito, que destino maldito,
cobaia dos dissabores, assim acredito.
Vento forte que vem lá do norte, selai minha sorte,
me adormeça prá um sono profundo, tirai-me deste mundo,
desse inferno que é sem ela, anseio a morte.
De agonia lá se vai mais um dia, nesse chão de espinhos donde piso,
da alegria tão parca que ao longe eu via.
Amigo vento escutai meu lamento, suaviza minha mente que dela guarda meu pensamento,
pôrque não pode ser amor o que de lembranças me consome por dentro.
Afasta de mim o desespero que me espreita, blindai meu coração dos males da perdição,
álcool, droga, auto-destruição:
pôrque apesar da pouca fé, ainda creio na salvação.
Amigo vento te confesso; feliz és tu, invisível e insensível, e assim desconheces o amor,
isso que em mim se resume agora em solidão, tristeza e dor.