(Conta a lenda que há dez mil anos atrás, numa aldeia de uma perdida civilização, um homem ferido agonizava. 
Escreveu alguma coisa com seu sangue, na areia, antes de morrer. Ele também era um poeta...)
Então, imagino que teria sido assim…

A LEVEZA DO PERDÃO...
Mesmo se colocares pedras agudas
Em meu caminho e meus pés sangrarem,
Mesmo se, da vida, as tantas agruras
E desilusões, um dia, me derrubarem.

Mesmo se desferires, duros golpes
Em minha face e meu corpo, ao chão cair,
Mesmo vendo minha meta ficar mais longe,
Quase impossível e inalcançável.

Mesmo se tua boca proferir palavras
Duras e desumanas para me magoar,
E, perplexo, não mais te reconhecer
E for chorar baixinho, sem entender.

Mesmo se me machucares de morte,
Com afiado punhal e envenenados dardos
E eu sentir, a vida escoar aos poucos,
Abandonando o meu cansado corpo.

Mesmo assim, num último suspiro,
Esquecendo as dores e tanta tristeza,
Podes crer, minha alma no último voo
Para ti falará com toda clareza:
Fica em paz e feliz, vou e te perdoo...