Dívidas.

Sinas indeléveis de revezes quase incríveis.
Carregarei em mim o peso de um amor insano,
Cicatrizes mentais de chagas imperceptíveis, 
Cravadas em mim as marcas dos desenganos.

O remorso me será a infeliz tatuagem,
Um autoflagelo de propósito nenhum.
A tristeza presente na minha bagagem,
Viagens sempre feitas a lugar algum.

Erros meus, erros meus!
Causam infelicidades,
Trazem indignidades,
Afastando-me de Deus.
Erros meus, erros meus !
São sementes que eu planto
Em canteiros que meu pranto
Regam todos os frutos teus.

Ah, esses erros a miúde e marcantes !
Todos julgam e me acusa a consciência, 
Esses erros de loucuras resultantes,
E de clausura suavizada na demência.

Os erros somem nos enterros,
Mas erro ao pó não retorna,
Homiziado na paz de um cerro,
Vil parasita da alma se torna.

Assim ele é parte da vida,
Parte da aventura humana.
O erro só inflama a ferida,
Se trai ou a outrem engana.

Erros meus, erros meus!
Sejam tão somente meus,
Erros meus,
Os inevitáveis efeitos teus,
Erros meus!