Deus e o Lavrador

Deus fez o mundo em seis dias
e o sétimo reservou para relaxar,
como base em que todas as vidas
tem a sua origem, criou a terra,
e fez do homem o seu adjunto
para que ele por ela olhasse.

Disse, filho és composto de água,
carne e osso, não sejas ambicioso
porque tudo de que precisas
à terra irá te dá.

Serei sempre o teu amigo
e andarei do teu lado, mas digo,
quando sentires-te sozinho, não penses,
que por mim foste abandonado.

Todo erro será um pecado
e nem todo pecado será perdoado,
à terra é vasta e rica
mas não ultrapasses o seu limite
porque o troco será dado.

A terra será o teu sustento
o verde será o teu ar,
o sol será o equilíbrio
e a água, nada te deixará faltar.

Sem sol não haverá dia
sem agua não haverá vida
sem noite não haverá descanso
e sem lua não se pode amar!

À tua vida será eterna
se o que fizeres na terra
não venha magoar-me.

- Mas senhor, porque o justo
tem que pagar pelo pecador?

Sou um lavrador e vivo de esperanças
a minha herança é um árduo trabalho,
em minhas mãos pipoca os calos
e os joelhos estão ralo, de tanto rezar.

Fui roubado por este ocorrido
ficando com os prejuízos e desabrigado,
a água em grande escala ultrapassou a porteira
invadindo a minha casa e o roçado,
carregou com o meu orgulho e a vaidade,
passei de pobre para miserável, contrai dívida,
virei um inimigo da sociedade, é como se fosse
um homicídio, fui assassinado.

Mais um ano de trabalho sem resultado,
sei que a água quando cai, não escolhe o roçado!
Mas é que choveu a toa, quando é fina não é boa,
quando é de mais magoa, e de canoa
não se pode arar!

Meu Deus, diante da tua imagem que me restou,
eu peço por caridade que faça dessas aguas
minha força de coragem.

Dedicado a todos os agricultores,
que com as cheias perderam o seu trabalho.