Lama
Na poeira branda de inúmeros passos,
Devaneios sombrios, reféns de cansaços,
Caminham intensos por esquinas fulgentes,
Refúgios da vida em rostos pendentes.
Expressões lavadas pelo caos social,
Ferramentas que ferem, em ciclo fatal.
Nesta república dos pensamentos errantes,
Sonhos brotam em poças, clamores distantes.
Lama que guarda as dores da estrada,
Mas canta a descoberta de uma vida marcada.
Calejada em sofrimentos, mas ainda pulsante,
A centelha do gesto é um oásis vibrante.
No curral da degradação humana,
Surge o consolo que a alma reclama.
Os desejos revelam loucuras latentes,
Portas abertas ao caos dos viventes.
Nas linhas concretas de puro sentir,
O aforismo do ser começa a emergir.
Bajula a justiça de intenções tortuosas,
Buscando a liberdade em formas curiosas.
Na ponta do algoz, o tempo ressoa,
Uma sinfonia de alegrias tão boa,
Que ecoa em migalhas de sonhos partidos,
Entre fumaças e silêncios perdidos.
Não há sopro, tampouco certezas,
Que escravizem por completo as grandezas.
Pois mesmo na dor, a vida persiste,
Em fragmentos de fé que jamais desiste.