Sou movimento

Equilibro-me entre luz e sombra,

encontrando nas pausas o instante para contemplar.

Posso ser o toque leve que acalma,

mas também a firmeza que sustenta.

Meus pensamentos mergulham profundamente,

mas às vezes emergem, inquietos.

Sou a calma que guarda um mar silencioso,

mas também a inquietude que se revela, pouco a pouco.

Posso ser a poesia do não dito,

o reflexo sereno do que sinto,

mas também o eco audaz do que imagino.

Posso ser o silêncio que acolhe,

mas também a brisa que chega, fazendo-se notar.

Posso ser a força sutil que não se grita,

mas que pulsa, se vive, se sente.

Caminho no compasso tranquilo de quem sabe esperar,

mas posso correr como quem busca sem hesitar.

E, ainda que minhas raízes sejam fundas,

sou o movimento que dança entre as nuvens,

com asas leves que abraçam o céu.

Assim, entre o que sou e o que posso ser,

vou me descobrindo,

arte que nunca se conclui,

mas que vive no constante pulsar do seu eterno se fazer.