Convite na Chuva
Ontem recebi um convite,
um chamado sob o céu cinza,
ouvir música boa e os amigos da cidade vizinha,
do lado de lá.
[Cidade C.M]
[Couver do barão Vermelho e Frejat]
E eu, sem pensar em hesitar, deixei-me levar.
No caminho, reflexões começaram a brotar,
sobre os momentos que deixamos passar
das mais belas paisagens a avistar
de tons cinzas, brancos e azuis a se misturar,
quantas memórias a se formar
e sentir as gotas da chuva a nos tocar.
A noite chegou, o show começava,
luzes que piscavam fazendo sua imersão.
E a chuva? Não parava.
Cada gota, uma história que foi retratada, buscada.
[aqui]
Entre o ritmo da música, abraços e beijos molhados
cantamos juntos e rimos de cada respingado.
Foi puro êxtase e mistura desse sentimento, loucura.
[ Amor-chama ]
Ele junta minhas mãos e olha dentro dos meus olhos e canta:
["Amor, meu grande amor
Só dure o tempo que mereça
E quando me quiser
Que seja de qualquer maneira
Que tudo que ofereço é meu calor, meu endereço"].
E o que ele sente? E como se sente?
Seria uma paixão ou uma paixão puríssima e devassa
Que vem e passa
Que tanto queima em sua própria desgraça
E pela segunda vez, vi sua pupila dilatar
e seus olhos a brilhar
[situação para analisar]
Diante da praça, sozinha, parei em silêncio,
ouvindo a música de fundo e sentindo o sereno
["Amanheceu o pensamento o poeta está vivo com seus moinhos de ventos"]
["Se você não pode ser forte, seja apenas humana"]
Cabeça curvada sobre a luz do poste, um instante sagrado,
abro meus olhos e vejo cada gota caindo do céu
um milagre a ser registrado.
Em cada respingo, meu lar.
Respingos de vida em meu rosto,
e a chuva me lembrando: é preciso saber viver e caminhar.
Nessa tolice de evitarmos a leve tempestade,
perdemos o simples, o belo, o real,
ardemos no cotidiano e nos envenenamos por dentro
deixando apenas o tempo passar.
E sob essas nuvens carregada com seu tom cinza
um convite à liberdade,
ouvindo a chuva, encontrei meu ritual.