Fragmentada

Há tantas Marílias perdidas no tempo

Sob os versos de arcádias e flores

Mas nenhuma delas me cabe

Não sou musa de amores, nem campos em cores.

Meu nome carrega uma história

Um eco que vem de outros lugares

Mas entre as páginas já gastas

Procuro meu rosto, sem máscaras.

Marília entre sombras e luz

Não sou promessa de lira ou de céu

Carrego nas mãos, minhas próprias dores

Não sou canto, nem verso fiel.

Há tantas Marílias...

Que o tempo esqueceu - que posso ser mais uma

Não sou do campo, nem idolatrada

Sou Marília, mas não de Dirceu.

Fragmentada, me perco em espelhos

Em rostos que não reconheço

Sou muitas, mas quem sou de verdade

Nesse labirinto onde me esqueço?

Versões de mim dançam no vento

Cada uma com sua própria voz

Mas entre tantos sussurros e gritos

Onde está a que fala por nós?

Busco na sombra uma mão que me guie

Um olhar que revele o que sou

Quem sou eu, entre tantos pedaços

Que a vida partiu e espalhou?

Sou a Marília que busca e se esconde

Uma figura que tenta apenas existir

Não sou o verso, nem a palavra

Sou quem ainda está por vir.

Marília Reul
Enviado por Marília Reul em 03/10/2024
Código do texto: T8165767
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