Fragmentada
Há tantas Marílias perdidas no tempo
Sob os versos de arcádias e flores
Mas nenhuma delas me cabe
Não sou musa de amores, nem campos em cores.
Meu nome carrega uma história
Um eco que vem de outros lugares
Mas entre as páginas já gastas
Procuro meu rosto, sem máscaras.
Marília entre sombras e luz
Não sou promessa de lira ou de céu
Carrego nas mãos, minhas próprias dores
Não sou canto, nem verso fiel.
Há tantas Marílias...
Que o tempo esqueceu - que posso ser mais uma
Não sou do campo, nem idolatrada
Sou Marília, mas não de Dirceu.
Fragmentada, me perco em espelhos
Em rostos que não reconheço
Sou muitas, mas quem sou de verdade
Nesse labirinto onde me esqueço?
Versões de mim dançam no vento
Cada uma com sua própria voz
Mas entre tantos sussurros e gritos
Onde está a que fala por nós?
Busco na sombra uma mão que me guie
Um olhar que revele o que sou
Quem sou eu, entre tantos pedaços
Que a vida partiu e espalhou?
Sou a Marília que busca e se esconde
Uma figura que tenta apenas existir
Não sou o verso, nem a palavra
Sou quem ainda está por vir.