Eu não sabia...
Eu não sabia que havia tanto rancor
Na morena brejeira, doce e faceira,
Que ocultava em seu peito tanta dor,
Por trás do riso, uma mágoa verdadeira.
Seu olhar de mel, suave resplendor,
Escondia em silêncio uma fronteira,
Entre a paixão que um dia foi amor
E a frieza de uma alma prisioneira.
Quem vê o gingado leve ao caminhar,
Não percebe o peso do que ela guarda,
A cicatriz de um velho palpitar.
Agora entendo, em cada passo tarda,
O coração cansado de sangrar,
De uma morena que à alegria não resguarda.