Devaneio no Ar
Num dia em que o espírito toca a alma minha,
Clama em tons altivos, palavras desenhadas.
Eu, em desatino, as escuto e adivinho,
Lágrimas brotam dos olhos, na busca desvairada.
Uma vontade repentina me acomete,
De compor em prosa e verso, o inexplorado.
Mas nas palavras me enredo, eis o dilema que me entete,
No temor de não expressar, de ver o sentido turvado.
Hoje, a vontade foi soberana e incontida,
Mas a ação se escondeu em sua embriaguez.
A curiosidade alçou voo, minha mente perdida,
Qual pensamento teria surgido? Indago, talvez.
Será que o ato de escrever nos purifica,
Ou apenas lança-se como pétala ao vento,
Paira sobre mentes, em viagem sem medida,
E ao encontrar morada, brota, livre e alento?
Nesse mar de incertezas, navegamos com a pena,
Entre palavras e rimas, um devaneio no ar.
Que o eco do espírito, qual brisa amena,
Transforme em versos a vida, sem jamais se calar.