Domingo
É domingo, a rua abarrotada de carros e civis, as tardes de verão são sempre assim, a orla da praia é uma pérola do planeta sob essa luz laranja, mais um dia está morrendo, menos um dia para acabar janeiro, tudo segue, a vida segue e eu até sorrio algumas dúzias de vezes ao dia, eu até penso em outras coisas, eu até penso como são lindas essas nuvens de algodão-doce rosa no céu, eu até sinto a brisa soprar meu cabelo, e até vejo essa multidão de pessoas que passam por mim sem ter a atenção, ou então os olhos para ver como é triste e solene esse funeral, do dia que se vai, que se entrega lentamente a morte tardia esvaindo sua luz preguiçosamente deitada por sobre o mar, fazendo o infinito do horizonte sumir devagar, como pode que ignorem? como podem não parar suas vidas para ver?
Como pode que em meio a essa multidão que não me vê, ou que me ignora, como pode que em meio a tanta gente, eu seja a única que parece interessada em me permitir assistir esses últimos suspiros do dia enquanto nasce a noite.
Eu até admiro a paisagem, eu até acho bonito, eu até penso em outras coisas mas ainda assim, ainda agora penso que estou aqui parada sozinha admirando o fim do dia apenas por que estou sem você.