Para o meu bem?

Não fales

Não vale a pena

Tentar convencer-me

Que me deixas para o meu bem

Que bem é esse que desejas?

Se agora indo me vê chorar

Que bem é esse que tu espera conseguir?

Tão longe de mim, para voltar um dia talvez para me entregar

Que bem? Bem nada

Quero agora ser egoísta e olhar meus sentimentos, pensar no meu ego ferido

Em meio a tanto tormento

Quero estar perto de odiar-te

Pois assim estarei o mais perto possível de amá-lo respeitando a mágoa, a dor que me causas-te

Quero conseguir praguejar a boca que amo

E com beijos e encantos no passado tanto me fez delirar

Boca essa que agora me insulta e me afunda em um nada profundo,

Que me deixa sentir o peso amargo do escuro, desse quarto, desse mundo, dessa minha alma muda sem você.

Mas tem crise não, problema nenhum há de encontrar, se queres ir apenas vá, poderia apenas ter me dito isso, jamais te negaria a liberdade, sabes bem que o amo de verdade, então pra quê? Pra quê fazer dessa despedida tão difícil? Pra quê insultar a mim e meu coração que já está ferido, que já choraria a sua ausência e agora chora também sua falta de clemência, seu desafeto, sua forma tão imprópria e impulsiva de usar o teu português.

Mas assim é e assim foi, batendo a porta, sem muitas voltas pegou o que tinha que pegar, gritou o suficiente para um surdo escutar, atravessou meu coração a passos largos e saio dele sem medir esforços, o relógio na sala até parou, o silêncio na mesa de café se perpetuou como fosse amplificado um pouco mais a cada segundo que passa-se, e eu sozinha num canto, parada sem entender os motivos que ele tinha para quebrar nosso encanto, me deixei recostar na parede, tampar com as mãos a fronte, e chorar, chorar e nada mais.