Ego?

Deus me diga é ego ?

Tem de ser

Precisa ser

Se não o que seria?

Paixão? Como poderia ?

Amor? Improvável eu diria.

Como pode um coração

Tão terno e quente como o meu

Se apaixonar por uma pele tão fria?

Por um olhar exessivamente racional

E por tão pensada e ordenada melodia?

Como pode que eu peça e que anseie

Por um abraço tão gelido desses

Que não me procura e não me repele

Que não me aceita nem me recusa

Como pude eu me apaixonar, querer amar

Quem trata um coração que pega fogo

Com baldes e mais baldes de água fria?

Não lhe disse? Oh leitor !

talvez seja tarde demais para admitir agora

Mas esse coração que súplica

pela sua companhia

De tanto ser rejeitado por ela

Algumas vezes chora.

Não chora de dor, não chora de abandono

Não chora por amar loucamente

A quem me ama tão pouco

Mas chora por pensar

estar ferindo um inocente

Que como eu, ama, ama, ama loucamente

Um refém desse cíclico desamor

Numa roda de desafeto pungente.