O complemento
Amarelo, vermelho e azul,
Assim nomeou Kandinsky,
Um de seus quadros mais famosos,
Uma obra de verdadeiro requinte.
Olhando essa obra
Eu não paro de pensar
Como pode que os opostos
Possam-se enfim complementar?
Se vejo só as cores quentes
Vejo também riscos precisos e conscientes,
Mas ao seu lado no abstrato,
Mistura de um reboliço azul-roxeado.
Engraçado que olhando o todo,
Sem tenta-los separar,
De um jeito até meio confuso
Mas tudo parece no lugar.
Lugar assim, desconexo e desencaixado
Solto e ainda assim preso,
Pelo elo fino das cores,
Que se destacam e se complementam.
Gerando assim um movimento,
Como um fluxo perfeito
O que um vai, o outro volta,
Assim sem fazer muito rodeio.
Talvez tenha mesmo momentos na vida,
Que as coisas parecem ser mesmo assim,
Se o que te falta é o seu oposto,
Complemento meu, você faltava em mim.