Como a letra de um péssimo bolero...

Diz que não o ama

Que o odeia

Que não pretende vê-lo nunca mais.

Chora, fala mal,

Vocifera aos quatro ventos

O quanto foi traída, humilhada e

Que se decidiu pelo fim.

Publicamente expõe sua dor

Nos bares

Arrastando correntes,

Mergulhada num mar de autopiedade,

Protagonizando vexames,

Exigindo a atenção de todos.

Passado algum tempo

Ei-la justificando-se,

Justificando-o.

Pedindo perdão até pelo que não fez

Rendida, esgueirando-se pelos lugares que ele freqüenta,

Alma mutilada pela dependência, em estado de completa

Servidão humana.

As feministas execram-na.

As extremadas encorajam-na.

E eu, que me considero do rol das sensatas, julgo-a.

Porém, a idade me permite refletir,

Salomônicamente considerar que é apenas humana.

Refletir que não deverei dizer “dessa água não beberei” e,

Por via das dúvidas, murmurar uma prece:

“... não me deixais cair em tentação,

Livrai-me do mal, amém.”