A dor vira poesia
Tenho vontade de escrever a minha dor,
pois não tenho como morrer pra não senti-la
Vegetando de um lado para o outro, numa vida em que não acho meu lugar, em que eu não faço sentido.
O que tenho feito por aqui, ou não é bom ou não faz diferença, a única coisa que é de verdade e intensa é a dor, ela insiste todos os dias, na alma, no coração, ela não se contentou com a matéria e atingiu o mais profundo em mim, meu sonhos.
Me perco em pensamentos, saio desse mundo várias vezes e entro em tragédias que não existem ( como se não bastasse a minha) até ouvir uma voz no fundo chamando, mãe, mãe, mãe...
Sim, minha filha, 12 anos, na fase de interrogar, mas eu não consigo responder suas perguntas, nem as minhas, quando me dou conta de que preciso conduzi-la, arrumo forças pra levantar e sigo
Retorno a minha dor e a minha solidão interna, em um mundo só meu, aquele que ninguém conhece, só eu. Até que de repente ouço uma voz me chamar: mãe, mãe, mãe... Meu filho! Vinte e dois anos, esse ano sofreu dez acidentes, Deus deu a vida de volta desde de que nasceu, prematuro de
cinco meses , teve meningite. Éh!! Deus é bom
Deito, coloco as pernas pra cima e volto pro meu mundo, de dor, frustração, incerteza e solidão, até que ouço, amor, amor amor... Meu marido, 58 anos, querendo conversar, fazer planos, viajar... mas eu ??? Me perco no que ele fala, muitas vezes, olho, mas não escuto.
Ahhhhh!!!!! Vida, perfeita?? (Se é o que pensas) Tudo que muitos precisam para se realizarem, para gozar de plena felicidade. Aos seus olhos, eu não deveria sentir tanta dor, mas cada um, somente cada um, sabe onde a sua mais dói, eu também queria não senti-la, não vou desistir, hoje só estouu
cansada, amanhã é outro dia e Já basta a cada dia o seu mal. Um dia, ela não vai mas me consumir, mesmo que seja quando eu não mais existir.
Deus me perdoe, me guarde e abençoe, esse u não queria ser assim.