Meus anos
Meus anos
O tempo foi longo e cruel
Os dias foram frios e insanos
A mente fervida a um gênio
Servo de promissas e mentiras
Os cabelos antes negros
Agora brilham como o nascer de Rafael
(Que por sinal no feminino é este seu nome)
Que carrega da sina o nome de ser salva
Que ao nascer depois da quase morte
Foi posta a mercê de um Deus irado
A quem deu-lhe a sina e o gênio
As liras foram ditas nas primeiras horas
Aos primeiros anos, que desgraça
Aprendera dominar as letras...
Tragédia, marcada a ser poeta.
Agora escreve nas liras dos 15 anos
Anos que já se partem
Irão acrescentar uma lira infinda
De anos passados e escritos;
Da infância não sentiu os sabores
Cristalinos e puros de guloseimas alegres
Mas sim o amargo sabor
De um amadurecimento antecipado
Sofrido em lagrimas causado.
Tem na mente inteligência...
Que desta lembra bem a Byron
Uma citação;
"A arvore da sabedoria, não é a arvore da vida”.
E das lembranças dos amores
Os dizeres de Munõz,
Como tão bem havera a conhecido,
Teria tanto a lhe agradecer...
Era e ainda é um ser solitário
Mas não chama mais a atenção
Passa solitária vestida em negro
Apenas se sentindo tão só
Das paixões da vida,
A poesia, a arte e a música.
Mas nada que lhe dera fruto
Nem reconhecimento.
Preferiu os graves aos agudos
Preferiu o Romantismo à modernidade
Preferiu o surreal ao sensato
Preferiu o feio ao belo.
Nos meus anos
Só tenho uma citação; insanos.
Dos meus dias,
Poucas são as alegrias,
O tempo me mata e coroe devagar
Numa velocidade pasmal
Onde desmaio translúcida
Como um eclipse no céu vermelho
Nos meus anos, já não tenho lembranças.
Meus olhos já não cintilam puros
Meus ais já não saem do seio apaixonado
E meus anos são contados;
Numa rima de trovador não rimada
Numa lira já rota
Num tempo já passado
Num ar sem esperança.
Das poucas coisas que aprendi
Foi que nada cresci
Ainda sou a mesma criança que tremia
Ao ver o pente na mão rígida da mãe...
Ai minha mãe, que saudade!
Sei que vou sentir,
Mas imagino agora partir
Cantando ainda o hino do covarde
Ai, meu hino, que ardor era.
Aos cantares a primavera
Enquanto tremia suando frio,
Mas agora já canto tão baixo...
E Que saudade de meus anos!
Anos que nem sei se muitos ainda virão
Mas em que escrevo poetando em ais
Meus neologismos desvairados...
E ainda lembro de Álvares os dizeres;
"Quanta glória pressinto em meu futuro!"
Ai, se eu morresse amanhã.
Meus anos nada seriam
Mas muito seriam aliviados
No esquecimento do espirito desvalidado
Num pensamento sem pudor
Nem descrição,
Na ultima fagulha de esperança que arde no coração
E das pernas frias o tremer de temor.
E quantas letras eu não leria
(Nem vós meus leitores...)
De meus amigos, nem de meus amores...
Os contos frios do Ferré,
As linhas esplendidas do Vidente,
As mudanças de Muñoz...
E quantas lástimas se esqueceriam,
Aquelas que apertam meu peito
E aquelas que me fazem as lágrimas correr...
Se meus anos cessarem amanhã...
E daria o gosto da maldade
A um Deus desvairado que me botou no mundo
Salvou-me da morte
Esfregando em minha face com o nome
Rafael... Rafaela,
A que dos anos esgoela
As tristezas e os prantos
Brilhando na treva, reluzindo como o sol.
E Ai meus anos, como são longos.
E apenas quinze são
Das ameaças ás mortes
Infelizmente nada felizes estes estarão.
Os natais penosos
Os anos novos velhos...
Os aniversários pranteados...
Os invernos queimados.
Tudo; Tudo é nada!
Toda lembrança derrama uma lágrima
Amarga e destruidora como fel
Rompendo assim novamente da inocência o véu.
(Rafaela Duccini - 6/11/2007)
* Citações a poetas (Byron, Igor, Alvarez e Muñoz) e a contistas (Ferré). E a poemas... "Se eu morresse amanhã". De Alavares de Azevedo; E "Hino do Covarde". de Autoria própria.