Flor no concreto
Se um dia quis saber, hoje sei que ainda não sei.
E seguirei não sabendo, até onde; não sei.
Há coisas que quando não ditas, criam raízes tão profundas que se arrastam e se tornam pesadas.
A mais vermelha das maçãs poderá apodrecer.
O mais doce sorriso irá se desmanchar, dando lugar a lágrimas amargas.
Tudo que toca, tudo que vê, tudo que sente. Nada mais será como poderia.
O toque, tão suave como veludo, se transformará em mãos grosseiras.
Os olhos, uma vez cheios de ternura, verão o mundo inteiro cinza, sem cor e sem vida.
O coração, tão puro, precisará se costurar mais uma vez.
Mais uma vez.
De novo, de novo e de novo.
Não se sabe quando, como ou por quê.
Como se o destino estivesse escrito nas estrelas.
O que há de vir, virá.
O que há de ser, será.
Porém, sois como uma fênix renascendo das cinzas.
Um diamante escondido na terra.
Uma flor no concreto.