O JEJUM DE UMA PAIXÃO
Quero que nosso Amor seja como um deus
Perfeito em suas ideias, infinito em seus desejos
Que não seja morno como a fé de um ateu
Que sejamos náufragos de nós mesmos em cada ensejo
Que sejamos queimados na fogueira de nossas vaidades
Que sejamos um espelho da alma do outro, cândidos
Que caia por terra todo marasmo e toda incapacidade
Precisamos acender a chance de um Amor em pânico
Precisamos temer a presença do outro como se teme um diabo
Precisamos ser dois vulcões em erupção de ardor macabro
Exorcizar nossa falta de laços, nossa falta, nossa falta
Devemos ser assassinos de nós mesmos de uma loucura infinita que nos assalta
Mas qual é a chave da Paixão, como podemos cair em tentação
Se moramos num inferno gelado no deserto de nosso único e incerto coração?