Flash

Esse pensamento que dói indecifrável,

num bloqueio inabalável,

numa dor de cabeça confusa,

que não sei tirar com o prego,

que não se tira num partir de ossos dum martelo-prego.

E meu peito parte numa dor fina,

não parte, fica,

fica e dura todo um dia (para mais).

Queria poder entrar dentro do que sou,

do que já estou, e tirar com as mãos.

Essa dor é humana?

Se fosse eu entenderia.

Essa dor é inumana,

mas não pode ser.

Vejo um quarto branco, com azulejos claros de vãos encardidos, e uma criatura anêmico-escura, gritando com seus cabelos úmidos e seu corpo esguio, sujando sua nudez no alto de seu urro, com suas roupas branco-transparentes, sujas por espessa saliva.

Um desespero,

uma cena feia,

um regurgito do claro-escuro.

A cena que está dentro da cabeça,

de um corpo dentro do quarto,

que já não sabe mais o que fazer.

Carolina Maria Souza
Enviado por Carolina Maria Souza em 30/06/2020
Código do texto: T6991913
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