A procura de si

Solidão amiga,

amiga solidão,

ficas aqui comigo

mais um pouquinho,

até que o dia passe,

a noite caia,

a alvorada chegue.

Me conforta nos teus braços frios,

me afaga com tua mão calorosa,

inebria-me com tua lucidez,

me acalma com tua paz.

Solidão,

chega mais um pouco,

com cuidado,

pois sou um ser em aprendizagem,

nesse teu terreno,

fértil para o conhecimento de si.

Ensina-me o autocontrole,

o autoconforto,

a completude de si mesmo,

para si mesmo.

Abre meus olhos,

que cegos vagam,

procurando em lugares estranhos,

escassos, errados,

aquilo que pode preencher o vazio,

esse de si,

que carrego pelas noites e dias.

Eu que sou tão perdido,

que vago por dentro de mim,

Que sufocante,

vive ansiando pelo encontro,

aquele que todos nós,

peregrinos,

almejamos.

O encontro com os olhos da alma,

da perturbação eloquente,

com aquilo que habita em nós.

Solidão amiga,

tu já conhece a minha morada.

Teu ninho prospera,

como a rama que rasteja pela terra,

como o pássaro que arrebata os céus,

como o fogo que devora o que percorre,

como a água que purifica.

Eu te suplico,

nesse último suspiro.