(in)finitude

no fim tudo terá sido apenas

o verbo sem o vestígio de que fora verbo,

a memória perdida da memória,

a palavra sem a ossatura da parábola

no eco subtonado do espírito humano

sepultado sob espessas camadas de tempo,

silenciado por signos infrassônicos.

no fim tudo terá sido apenas esquecimento,

o vestígio sem o vestígio de que fora vestígio

como o olhar agudíssimo

de uma estátua fúnebre; um anjo de mármore

reduzido a estilhaços,

penando anônimo a lágrima anunciada

que jamais terá vertido pelas eras e eras.

sim. tudo terá rumado para o fim

na moradia imensamente ínfima.

e no céu do planeta em ciranda pelo infinito

estrelas cadentes rasgarão brutalmente

a atmosfera da grave esfera

sem testemunhas, amantes, trovadores.

sim. estrelas cadentes:

mentiras necessárias

nas retinas possíveis de nossas verdades.