Chovendo logo cedo de manhã
Escrito em 6/2/2019
Acordei cedo e vi um raio pela janela
As nuvens estão negras e lúgubres
O céu está sereno e violeta
A elétrica e luminosa margem
Das pesadas nuvens da tempestade
A imensidão roxa e afável do céu
Úmida pelos sopros de água da aurora
Gentis são as nuvens entristecidas
Suave é a chuva da manhãzinha
O vago breu da aurora despertará
Daqui a pouco. Enquanto eu só assisto a chuva
Em paz. Pacífico como a garoa
Ó, quieta chuva que tormenta os
Que por você não têm simpatia
Limpa a gente vil que suja o mundo
Que pingues contra os vãos entusiasmos
Que escorras para a amenidade minha
Que acorda cedo para servir o dia
O clarão que avisa todos que estão
Despertos. Sai pela negridão do céu
O vento respira meu quente rosto
Minhas mãos acordam sossegadas
É mais um dia das muitas manhãs
Mas esta manhã é bela porque chove
O ar cheira à tranquilidade e estou ermo
Ermo como as ruas e calçadas agora
Sou como as gotas d'água: sozinhas entre
As várias. Sozinho como esta aurora
Desta chuva recebo ósculos molhados
Idílios úmidos e quentes n'alma
Ela, suave como a chuva, gentil
Queria que me abraçasse como este momento
Será que ela está só? Na solidão
Inefável, abaixo das tenebrosas
Nuvens negras e quieta chuvinha?
Será que ela vai saber que eu penso nela?
Penso nela como penso na chuva
Estaria sozinho com ela, bem
Como ela também. Mas está chovendo
A melancolia cai do céu pra todos
Para os apaixonados distantes
Para os sentimentos gigantes
Para as árvores e rios perenes
Para os poetas que estão solitários
O vento uivante da chuva corta
As incertezas de todos que se escondem
Lânguidos, a manhã, a chuva e eu
Só alguns minutos pingaram de mim