Palavras soltas...
Distraída frente a tela,
minhas mãos sobre o teclado,
pelas frestas da janela,
sei que é dia, em meu reinado.
Foi-se a noite e um palpite,
forte em mim se fixou:
Que escrever é meu limite,
quando o mais, silenciou.
Não há voz me seduzindo,
nem há mãos tangendo curvas.
Há um frio resumindo,
muito medo e tantas culpas.
Neste espaço de incerteza,
toda forma é inanimada.
Só restando esta tristeza,
habitando a madrugada...
Vãs palavras libertando,
soltas ao sabor do vento,
e aos sonhos vislumbrando,
por clarões de pensamento...
E palavras rabisquei,
para o vento conduzir,
uma a uma enderecei,
ao infinito que existir...
E se o vento desprezar,
o que eu não soube dizer,
só me resta lamentar,
e na noite, me esquecer...