Olhos de Alma
Eu escolhi você...
Como se fosse meu último ato desesperado
Antes de fazer meu coração parar de bater.
Não tenho o interesse de aprisionar - vos
E menos ainda de pedir - vos que fiques.
Não tenho ganas de tocar - vos o corpo
Nem se quer de sorver de teus lábios o sabor adociado
misturado a decepções e friezas.
Eu ouço o palpitar de seu coração.
Vislumbro as cicatrizes de sua alma
como uma obra de Monet e ali me enxergo.
Me acho...
Me descubro feito par,
como aquela ligação bizarra de dois pólos sobre a mesma pele.
Mas eu vi teus olhos...
Como feitiço de amor lançado em noite de Lua Cheia.
Senti o calor forte de uma alma descrente,
guerreira e forte.
Senti o sangue, vermelho vivo, arder em minhas veias,
corando - me a face, feito o tolo Ícaro admirando o Sol.
Era preciso, precioso e palpável.
Era vida pulsante nas órbitas oculares, escondendo a galáxia perfeita
que a ciência desconhecia.
Quem se esconde por trás do véu quando caí a noite?
Quem olha o espelho reverso da alma sem ao menos almeja - lo?
Quem de nós, seres sabedouros destes e de outros mistérios, não se apaixona por almas vivas em doces olhos amargurados...