Dez à parte

No mar de lama floresce a vida.

Ninguém disse que seria fácil.

Enche o peito e a alma dissolvida,

Saltita de fugaz alegria o corpo grácil

O tempo nada vale, apressa-te!

Não existem dores insuperáveis.

Queria poder parar, desvia-te!

Só restam amores execráveis.

Recolher os cacos também é arte.

Nós, broncos, nada temos a temer.

Regurgita e rumina o disparate

E vive feliz à espera do desprazer

A ansiedade constrói a real noite

Enquanto dias passam despercebidos,

Desfilam na passarela como açoite

Nos lombos agora tão sucumbidos.

Para início, perco ilusões do desapartar,

Nota máxima na escolha da inutilidade.

Põe-se assim a sutilmente se coarctar,

Cinge-se, cativo, em sua própria iniquidade.