Duas peças em dó menor (só pra ter título (rsrs)
I
Crianças desnutridas
brincam entre os tanques
e os petardos
de uma guerra imemorial.
Soldados sujos de uma
falácia urbana
soletram sua grana
burra,
nitroglicerina pura
e nos crânios há
uma boca intrépida
devorando pensamentos.
II
O silêncio intraduzível da tarde
de clara luz apaziguante
se derrama sobre o Tempo.
Tempo inglório de passagens,
de flores que murcham, oxidadas,
e aves que arrastam horizontes no aço.
Cavalos levando soldados mortos
à guerra adiada, mãos
acenando no espaço diluído.
O Tempo que se abre
é o mesmo que cava a terra
e revela o sorriso
de um anjo no espelho das nuvens.
Saber viver é se entregar
sem causas ao inumerável
e colher os frutos moídos,
pisando a luz dos próprios ossos.