Duas peças em dó menor (só pra ter título (rsrs)

I

Crianças desnutridas

brincam entre os tanques

e os petardos

de uma guerra imemorial.

Soldados sujos de uma

falácia urbana

soletram sua grana

burra,

nitroglicerina pura

e nos crânios há

uma boca intrépida

devorando pensamentos.

II

O silêncio intraduzível da tarde

de clara luz apaziguante

se derrama sobre o Tempo.

Tempo inglório de passagens,

de flores que murcham, oxidadas,

e aves que arrastam horizontes no aço.

Cavalos levando soldados mortos

à guerra adiada, mãos

acenando no espaço diluído.

O Tempo que se abre

é o mesmo que cava a terra

e revela o sorriso

de um anjo no espelho das nuvens.

Saber viver é se entregar

sem causas ao inumerável

e colher os frutos moídos,

pisando a luz dos próprios ossos.

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 22/03/2017
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