Minha Poesia
Minha poesia se alastra,
como hera rente ao muro.
Vai tomando meus espaços,
colorindo meus vazios,
e deixando aonde passa,
como um rastro, a minha vida,
entre linhas mal traçadas,
como esquina, em Avenidas,
vai deixando aonde passa,
tantas coisas mal sentidas,
tantas dores, tantas mágoas,
tantas frustrações vividas...
É o espinho que protege,
mas também, que sangra e fere.
É o olhar que enternece,
mas também, que impõe censura.
É a força vítrea e dura,
um cristal, bruto, na pedra.
É uma fonte eterna e pura,
que deflora, e rompe a terra...
Minha poesia...
Não tem Era, nem espera...
No cortejo à madrugada,
faz versejos de ilusão.
Vai bailando aonde passa,
vai contando, assim, sem graça,
num cordel, meu coração...