Nem Shakespeare
Ao destino dou aceno,
e aceito o meu julgado,
meu direito e meu legado.
Meu sorriso de sarcasmo...
E este olhar obsceno,
é o momento mais oportuno,
onde assumo em um minuto,
meu poema mal traçado,
sem tangente e sem co-seno.
E fugindo à Geometria,
em meio a tanto embaraço,
sem Picasso e sem Palhaço,
sem precisão de compasso,
no viver sem maestria,
na catarse e no cansaço.
No pescoço, a forca é o laço.
Passageira sou, passo a passo,
de um trem de aço e agonia.
Da vida, sem ironia,
nada quero, se me calo,
nada quero, se me abalo,
na certeza do que falo,
que me fira a ideologia...
Se me apertam no gargalo,
se me podam, baixo, o talo,
se pisam forte, meu calo,
dou meu grito de alforria...
Não aceito a idolatria,
nem sei curvar ao Poder.
Não sei frear meu dizer,
nem temo a quem me ofender.
No medo, não há calmaria...
Assumo qualquer mal-dizer,
que venha intrigas tecer,
a este meu : Ser e só Ser,
que nem Shakespeare, explicaria...