VITRINES

As semelhanças eram gritantes, feito manequins em suas vitrines,

Com as melhores roupas e medidas perfeitas,

Despertavam olhares e desejos,

Por fora o belo disfarçando o quão oco estava dentro.

As semelhanças eram gritantes, feito carne em suas vitrines,

Tão vermelhas e suculentas, pedaços dentre muitos pedaços,

Que matavam a fome momentânea,

Mas não garantiam por muitas horas a saciedade,

Nas vitrines, o fácil e superficial que qualquer dinheiro podia comprar,

Como um sexo fruto de uma prostituição,

Bijuterias que ficam a mostra sem qualquer zelo,

Diferente das joias que são devidamente guardadas.

Não se pode mergulhar no raso, naquilo que é superficial,

Belos corpos se mostram em uma competição sobre quem é o melhor,

Brilham, assim como vidro ao receber o sol,

Que ao olhar insensível são confundidos com diamantes.

As semelhanças eram gritantes, apenas um sexo disfarçado de amor,

Ausente de sentimentos, sabedoria, envolvimento e comprometimento,

Que não bastava momentos depois,

E que inflava sem preencher.

Clareava como a luz da rua durante a noite,

Mas jamais teria a poesia de uma lua cheia,

Era o fácil hipnotizando e induzindo ao erro,

Quem persistia e se deixava admirar pela ilusão das vitrines.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 05/07/2016
Reeditado em 05/07/2016
Código do texto: T5688507
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