A casa ao lado

Chove.

Pelo vidro embaçado da janela observo inúmeras gotículas de água que se unem pouco a pouco e lentamente caem no chão.

Sinto o cheiro de saudade da fumaça do cigarro que ainda não traguei ao seu lado.

O céu tem um tom cinza pálido

e minhas mãos cortadas desenham letras confusas na janela.

Meus pés doem pelas incríveis oito vidas que caminhei até aqui.

A casa está empoeirada e me arrependi de ter entrado antes mesmo de ter feito.

No relógio infinitas horas são marcadas,tempo demais pra quem não sabe contar.

Minha boca amarga pronuncia palavras demais que ninguém nunca entende.

A casa ao lado tem cobertas,uma lareira e chá quente.

Não se engane,eles dizem que vão te acolher.

Vá se quiser,não me culpe se a sua alma não tiver sossego por mais uma sequer noite.

Pessoas famintas por almas estão por todo lugar.

"ei, espere,fique pro jantar!"