- oh Deus dos céus!
porque de horror o brilho antigo
se estende em manto ambíguo
um malfadado pincel ?
pois teu riso impávido arrebenta
a dor que teu corpo sustenta
pávido das fustigas dos céus
de joelhos imploro-te, oh Deus
Acalentai tal invernada
Que nos atiram o gosto do algoz
teu céu tão lívido, morada de anjos plúmbeos
e estrelas celestiais, beleza que o homem anela
da vaidade sincera, de morrer tão perto delas
mais abaixo na atmosfera
tanto terror e iniquidade transformam
nosso passado tarde na novidade cruel
o latejo de suor em brasa
de vidas rasgadas, de sonhos de papel
nesse brado de espanto que clamo
- oh Deus dos céus!