E se Ser
E se ser poesia fosse belo como
Alguém que serena os quatro
Elementos do mundo nascente,
Enquanto a luz do sol beija
Em silêncio toda a beleza melancólica
Dum escrito que boceja madrugada
Adentro pedindo mais um motivo
Para mais um café seguido dum cigarro?
E se ser poesia fosse deixar
Mil motivos vagos para que os
Olhos de quem lê enchessem
Um terço ou um quarto de qualquer coisa,
Mesmo cheirando nicotina
Misturada aos motivos da ardência
Dos olhos para esses seres faiscantes,
Pelo menos uma vez na claridade
Do que entenderam, dissessem: Que merda!
E se ser poesia fosse ver descer
Sobre a terra das amplidões do
Universo infinito, uma única inspiração
Toda convincente ao ponto de
Fazer qualquer mortal soltar
O sal dos olhos seguros e chorar
Todas as vírgulas que ele mal sabe
Usar para deixá-lo convencido
De que encontrou um erro?
Daí sim, sei lá, talvez,
Ele possa admirar a existência
Dum elemento alfabético
O qual cobre toda uma folha!