O caseiro de sentimentos.
Sou caseiro dos sentimentos
dos quais nunca terei escritura
ou documento de posse.
Jogo farelo de milho para as galinhas,
lanço gravetos aos cão
e vou arrancando com as mãos
uma a uma as ervas daninhas.
Enrolo o palheiro na varando
enquanto penso em outra casa de fundos
que também não vou chamar de minha.
Me distraio com as luzes
da festa da casa grande
que refletem nas poças
da chuva que caiu à tardinha.
Desembolo a rede
e enquanto penso no nada ter
durmo.