Estava eu, em morro de São Paulo, na Bahia, a passear de charrete pela beira-mar, quando a minha esposa perguntou para o charreteiro, conhecido pela alcunha de Cabra-macho, onde ele morava. A resposta ficou na minha cabeça: — eu moro debaixo do meu chapéu.
Sob um chapéu
Cabra-macho nasceu na beira-mar,
à sombra dum arbusto, junto ao mangue.
A mãe tingiu as ondas com o sangue
que o pai de Cabra-macho fez jorrar.
Cresceu, como se fosse um bumerangue,
a fazer rastro em torno do lugar
onde o mangue se entrega para o mar
e o mar traz vida nova para o mangue.
Hoje vive (debaixo do chapéu)
a fermentar o pão de cada dia:
sol a sol sob a brisa, a ventania...
lua a lua por onde alcance o céu...
Desta feita ele cumpre o seu papel,
qual um verso ao sabor da poesia.
Sob um chapéu
Cabra-macho nasceu na beira-mar,
à sombra dum arbusto, junto ao mangue.
A mãe tingiu as ondas com o sangue
que o pai de Cabra-macho fez jorrar.
Cresceu, como se fosse um bumerangue,
a fazer rastro em torno do lugar
onde o mangue se entrega para o mar
e o mar traz vida nova para o mangue.
Hoje vive (debaixo do chapéu)
a fermentar o pão de cada dia:
sol a sol sob a brisa, a ventania...
lua a lua por onde alcance o céu...
Desta feita ele cumpre o seu papel,
qual um verso ao sabor da poesia.