zooética

Trançando as pernas segue, embriagado,
a tropeçar nas patas do seu cão.
Blasfema, balbucia, beija o chão...
até pegar no sono, estatelado.

O cão guarda de cor cada pecado,
que o vício impingiu ao companheiro.
E sente o ar da morte pelo cheiro
do sangue e do vermute derramado.

E solta um aulido amargurado,
e lambe, sem pudor, a mão ferida,
e cheira o corpo inerte atrás de vida,
e deita o sofrimento ao seu lado.

Orelhas murchas, rabo abaixado,
patas fletidas sob próprio corpo.
Qual deles realmente estava morto,
eu tenho, a vida inteira, perguntado.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 07/09/2015
Reeditado em 07/09/2015
Código do texto: T5374264
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