OLHOS

OLHOS

Espelhos da alma, inconfundível porta de acesso,

A percepção de mundo começa aqui,

Possuem variadas cores e brilhos,

Beleza de qualquer forma,

Íris aprisionada não suporta em sequer repensar sua liberdade,

São cúmplices da mesma “visão”,

Sensores que vagam de forma quase impiedosa,

Fotografam imagens que são apresentadas mesmo no inconsciente,

Algumas têm um alcance além de certos portões,

É o contato com a materialidade,

Alguns são cruéis como a Medusa,

Alguns são plácidos e afagam somente ao depositar sobre nós,

Humor, as vezes sem graça, vítreo na realidade,

Opaco como uma corvina sem vida,

Brilhante como quem viu o inesperado,

Possui várias designações incomuns,

O terceiro olho, Shiva, Polifemo, além do alcance, e do diabo,

Quiasmas o prendem e os ligam,

As vezes são pedunculares, outras vezes ocelos,

Eles nos revelam a sensação interior,

Transe, gozo, prazer, clemência, medo, apreensão e um universo a mais,

Cuidado, eles são denunciadores,

Precisamos deles mais do que tudo,

Propriedade organoléptica intrincada,

Ter a visão do mundo, é ter o sucesso,

Os teus, abóbada celeste, no anil que se alonga ao espaço,

Parece-me uma erupção de magma azul, incomum que me dá êxtase,

O microcosmo onde o azul fornecido é por intrincado processo,

Viajar sem nave nesse microcosmo, aprofundar-me no deleite do belo,

O aprisionamento é o sinônimo do regozijo,

As mais diversas cores, são aquarelas cujas pinceladas descrevem a perfeição.

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