Voz

Ela notou, não muito recentemente, que sempre gostou de ouvi-lo falar.

Falar qualquer coisa, sobre qualquer assunto, à qualquer hora, em qualquer lugar, com qualquer motivo, mas falar.

Ela notou que os tons da sua voz pareciam música, a cada frase dita.

Que sua voz era para seus ouvidos, como colírios para os seus olhos.

Voz muitas vezes gasta, quase rouca, quase inaudível.

Voz que dizia, e repetia, tudo que ela queria ouvir.

Voz que conseguia explicar, o que ela não conseguia entender.

Voz que queria reconhecimento.

Voz que queria alento.

Ela tinha sonoridade.

Sonoridade descompassada, como o descompasso do coração que batia por ele.

Pra ele.

Era como uma orquestra sinfônica particular, para aquela garota que só fazia um pedido:

"Eu adoro ouvir sua voz, vem sussurrar absurdos em meu coração!"

Nadine Borges
Enviado por Nadine Borges em 09/07/2015
Reeditado em 11/07/2015
Código do texto: T5304715
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