Duvidando

Tenho menos certeza aos trinta

Do que tinha aos dezesseis anos.

Naquele tempo, eu sabia que havia após a morte,

Conhecia Deus, compreendia o sentido da vida.

Hoje, em mais nada creio.

Não sei se viramos pó, anjos ou se retornamos como animais,

Nem se um ente Todo Poderoso tem contados todos meus fios de cabelo,

Ou o porquê de estarmos aqui, sofrendo ou amando.

E não sou melhor nem pior por isto.

A certezas se constroem com a mesma facilidade com que se tornam obsoletas.

Deuses nasceram e morreram, junto com os homens que os criaram;

Sentidos para vida, há muitos, cada pessoa com o seu, ou com nenhum;

E sobre a morte... Ah, a morte!

Somente ela é que pode nos responder o que há para além dela.

Tudo que sei é que agora escrevo poemas,

Mas quando eles estiverem concluídos,

E eu não mais estiver escrevendo poemas,

Então porei em dúvida até o fato de eu tê-los escrito.

Eu os verei como coisas alheias a mim,

Não reconhecerei as palavras que escrevi,

E não serei mais quem fui.

Não serei pior nem melhor por isso,

Serei apenas diferente.