Calarei a voz
Vou calar a voz de meus átrios
deixarei as palavras soltas e sem nó
vou andar nas estradas
vou subir as ladeiras
vou descer desfiladeiros
vou tornar ao pó.
Vou partir sem destino
cumprir a sonora solidão
dormir e não abrir os olhos
tapar os ouvidos
não sentir mais o cheiro
quero andar na contramão.
Se me veres andarilho por aí
não ouse me estender a mão
quero apenas silêncio
um pouco de paz
uma lauda em branco
um pincel e um pouco de inspiração.