bolso furado
não esperem a água
que não gostou da colina
não esperem “desejo”
quando o mais certo é “sina”
não tosquiem a ovelha
porque ela não sente frio
não se afastem do louco
por ele ser arredio
não suponham que o medo
foge correndo da dor
e que há um monte de vida
onde há um monte de cor
embainhe a espada
se a luta o derrotou
e não culpe o sereno
se a planta não se molhou
se a estrada sem curva
tem a ver com a solidão,
ela é como o bolso:
vive à procura da mão
esclareça de vez
se a aptidão pelo tédio
é o aplauso da cura
quando dá certo o remédio
e não viva dizendo
frases que são comedidas
é o que as aves faziam
antes de serem abatidas