Quem ama às vezes sofre
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Quem ama às vezes sofre (quase sempre),
Pois arromba-se o cofre dos anseios
E alimentando-se nos seios que repousa,
Justifica o fim nos prazeres dos meios.
Vou degustar outros ares,
Novos mantras e músicas,
Devorar os segredos,
E digerir o dom.
Vou esculpir o vão
E redesenhar velhos mares,
Fazer da vida um folguedo
Num real sonho bom.
Vejo o ser montanha russa,
Dando tapa na fuça da depressão.
Vejo a beleza em rubores de fúcsia,
Sendo cor ou sendo flor,
Sempre adoração.
Lembrei-me da mocidade
Num instante congelado,
Ao som de um verde pássaro
Nesse nosso antigo lago.
Uma pequena e livre garça,
Charmosa, cheia de graça,
Dançou desengonçada
Sobre a água - sob o sol.
Fitou-me com ousadia
E de leve fez barganha,
Num breve arrebol que banha
Meu amor no espelho do céu.
André Anlub®