Imensurável
Naquela manhã de inverno encontrava-se parada numa encruzilhada.
Só o que tinha consigo era a velha mochila preta.
Mochila cheia de pesadelos, um caderno e uma caneta.
O suor frio exalava receio, a confusão se instalava novamente.
A bússola da vida apontava para o Norte, o seu imã interno a puxava para o Sul.
Pela primeira vez, dois pólos diferentes se repeliam.
Era um amontoado de ideias.
Ideias silenciadas dentro de uma mente desesperada.
O tic-tac do relógio dizia que estava na hora.
O tornado de emoções estava passando e deixando em ruínas o que havia sobrado da última vez em que se encontrara naquele estado.
Procurou salvação na fortaleza que havia construído.
Pisou em minas terrestres e saiu ilesa.
Estava salva, mas sua alma não estava sã.
Internamente ela gritava, o tempo todo!
E até então, não se fazia ouvir.
Estava instalada a guerra pessoal.
Seus anjos estavam em uma batalha interna com seus demônios.
Estava presenciando o apocalipse.
(...)
Voltou a si com a luz do luar, que cegava seus olhos carregados de emoções mundanas.
Percebeu que a exaustão havia tomado conta de seu corpo, levemente dolorido pelas horas que a consumiram.
Um tiro.
E foi dada a largada...