Que Assim Seja!
Há de se ter paciência,
e com o rolar das gotas de chuva na vidraça
Devorando o ar, no tempo que não passa
Esperar pelo cessar do alento em consciênia.
Estar consciente é acompanhar de perto o envelhecimento
Porém sem notar as rugas, as manchas trazidas pelo sol, pelo vento.
Na suspeita do amadurecimento, regar frustrações ao alívio da dúvida
Permitir-se o retrocesso sem o avanço da culpa
Há de ser ter força
e na semelhança monótona de muitos dias
Dedicar alguma atenção aos pequenos desvios
E destes, desviar-se um tanto para não se perder em seus espaços vazios
Estar forte é persistir em acordar
Correr, abrir as janelas e acreditar
Que o toque do amanhecer em sua pele, é um desconhecido de todos os sois anteriores.
É sorrir sem que se supram as expectativas que levara para a cama noutro luar.
E desenvolver o dom de persuadir o travesseiro para que bem disposto
a mais um dia de possíveis desvios da monotonia, possa despertar.
Há de se ter coragem
E na fraqueza corriqueira de uma perna
encontrar o motivo que nutrirá o corpo
Na demência intermitente que apareça como último subterfúgio
Atravessar o caos em estado suficiente para seguir viagem.
Estar corajoso é diferente de sê-lo.
Estar é engradecer-se ao extrair gotas douradas de mel da rocha bruta
Ser é contorná-la sem saborear o docê do mel.
O corajoso pouco conhece do perigo,
o que tem coragem caminha ao seu lado, o encontra por vezes e o respeita como a um amigo.
Há de se ter amor
Ter amor é anular a necessidade de estrofes sobre a esperança
O amor, independente da trajetória
Curta ou grossa
Gentil ou dolorosa
A tudo alcança
Amar e, ou ser amado
É atirar-se de membros aprisionados ao abismo
Um tiro no espelho
Pelo atrevimento, paga-se o preço
Desfruta da recompensa, perde o sossego, perde a cabeça
Ganha-se tempo, esquece-se do relógio
Arrica e abstém-se simultaneamente
Chora no riso, e gargalha do choro.
É acreditar na mesma mentira
E ansiar por outras verdades
Pensar, repensar, jogar tudo fora e começar de novo.
Amadurecer feito uma criança
E envelhecer na insegurança
Seguro se faz ao apreço alheio
Mas que se o mundo gira.. te arrebenta inteiro
Expor-se calculadamente ao ridículo
E o mais ridículo enconder num relicário.
Escrever sem pausa
Com ou sem causa
Sim, há de se ter muito amor para suportar a dor.
Amor não direcionado
O amor a qualquer coisa
Que só por ser amor, é válido
Ha de se ter vaidade
Pode ser por assim nascer
Ou por apanhar e aprender
Ter vaidade é compreender o princípio do respeito
Valorizar a quem te valoriza, e assim valorizar a ti. Um direito!
Há de ser bem feito
Ou viver em agonia
Desprezando a beleza dos defeitos
E entre tantas coisas que se há de ser ou ter
Há de ser assim!
&*
10/11/2012