Quando eu não tinha CPF
Lembro de todas as vezes que quis crescer
De tudo que fazia já querendo ser mocinha.
O tempo passou e me lembrando das brincadeiras veio à nostalgia de um “Que saudade...”
... De quando brincava de pular, correr e cantar.
De ser doutora,
Dos meus porquês, do que nem queria saber.
De ser professora.
De interpretar milhões de histórias surreais.
De ser menina e não mulher.
Saudade de amar sem me ferir.
De acreditar!
Vejo lembranças e elas me fazem chorar.
Pois quando criança queria crescer e agora crescida eu só quero voltar viver criança.
Lembro de quando fingia tristeza,
Só pra saber como era sentir.
Eu fingia choro, soluço e dor.
Agora eu queria fingir, mas só consigo pensar:- Que saudade de mim.
Saudade,
Do céu da minha infância que trazia consigo a esperança do “Em qualquer dia fulano vai voltar”.
O céu dos grandes chama-se morte que leva consigo quem aprendi amar.
São adeus que não queria dar.
São amigos que não queria ver partir.
Vejo as fotos do tempo em que brincar era meu único dever.
Do tempo em que ter CPF era ser adulto.
Era tão mais simples crescer criança, a gente dormia e acordava feliz por continuar criança.
Jessyca Pereira
24.09.2013