Prosperidade

Trezentos e sessenta e quatro dias os lobos devoram-se entre si,

Eles vêem ovelhas negras uns nos outros,

Eles comem a carne, bebem o sangue, e depois

Lambuzados de mentira, cobrem-se vilmente

Com a lã negra, vestindo o predador de presa,

Assim as bocas cantam virtudes benevolentes

Enquanto os olhos são etiquetados com a gula insaciável da ambição,

O veneno lascivo das palavras são uivos ortografados

No sangue para coagular a vida, destruir o discernimento

E tornar-los presas moribundas uns para os outros,

Degraus para ascensão a líder da alcatéia, para ser aquele

Que de tanto comer vomita a santa paz cosida com a pele de sua espécie,

Canibal que regozija em orgulho de sua astúcia trapaceira,

Todos seus atos são maquiados de hipérbole,

Uma mera esmola vira uma boa ação, holocausto para um bem maior,

O odor da carnificina não enoja a alcatéia, mas instigam sua fome,

E a crueldade é a antologia de seu coração, fustigado pela inveja

Que brota somente a avidez de opulências obsoletas;

Então em apenas um dia, eles resolvem ser um rebanho inerente,

Tornam-se ovelhas vestidas de lã branca, toda a discrepância é extinta,

Proclamam o amor como seu pastor e a paz como seu lar,

Assim nasce o primeiro dia e os sorrisos cinza os fotografam,

E abraços lânguidos são acompanhados com o

beijo de Judas,

Das bocas saem desejos de amor, paz, prosperidade e mais loas cantadas em voz flébil,

Enquanto os olhos arquitetam trezentos e sessenta e quatro dias para se devorarem.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 11/07/2013
Reeditado em 30/11/2023
Código do texto: T4381501
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