Prosperidade
Trezentos e sessenta e quatro dias os lobos devoram-se entre si,
Eles vêem ovelhas negras uns nos outros,
Eles comem a carne, bebem o sangue, e depois
Lambuzados de mentira, cobrem-se vilmente
Com a lã negra, vestindo o predador de presa,
Assim as bocas cantam virtudes benevolentes
Enquanto os olhos são etiquetados com a gula insaciável da ambição,
O veneno lascivo das palavras são uivos ortografados
No sangue para coagular a vida, destruir o discernimento
E tornar-los presas moribundas uns para os outros,
Degraus para ascensão a líder da alcatéia, para ser aquele
Que de tanto comer vomita a santa paz cosida com a pele de sua espécie,
Canibal que regozija em orgulho de sua astúcia trapaceira,
Todos seus atos são maquiados de hipérbole,
Uma mera esmola vira uma boa ação, holocausto para um bem maior,
O odor da carnificina não enoja a alcatéia, mas instigam sua fome,
E a crueldade é a antologia de seu coração, fustigado pela inveja
Que brota somente a avidez de opulências obsoletas;
Então em apenas um dia, eles resolvem ser um rebanho inerente,
Tornam-se ovelhas vestidas de lã branca, toda a discrepância é extinta,
Proclamam o amor como seu pastor e a paz como seu lar,
Assim nasce o primeiro dia e os sorrisos cinza os fotografam,
E abraços lânguidos são acompanhados com o
beijo de Judas,
Das bocas saem desejos de amor, paz, prosperidade e mais loas cantadas em voz flébil,
Enquanto os olhos arquitetam trezentos e sessenta e quatro dias para se devorarem.