Sábio Ignorante
Encostado na parede do hangar
O velho está a fumar
Em suas mãos, a chave do mundo
Um livro(um Atlas Mundo)
Pra muitos passa despercebido
Ele não tem um sorriso amigo
Seus dentes são amarelos
Os que não o deixaram banguelo
Mas sempre quieto fica
Com a fala não intimida
E hoje apenas está
O livro a contemplar
Nem sei se ele sabe ler
Acho que ele também não sabe...
Ora, mas quanta maldade
Ele ainda pode crescer
E com sinceridade olha
Olhos se encontram, mostra
O sorriso amarelo esboça
A curiosidade vem à nossa
-Menino, você sabe ler?
-Sei sim, por que?
- Lê isso pra mim?
Ahh, quanta ignorância
Me envergonha tal petulância
Achar que posso ensinar
O velho a paz encontrar
(começo a ler exatamente assim)
-Mapa político, países baixos...
ensino o que está escrito e observo
Ele aspira um trago, matuto
Me mede e solta:
-A minha família é de lá
Meu pai que me trouxe pra cá
Minha mãe morreu lá
e eu nem pude vela(r)
-Sabe menino, você me mostrou minha casa
A ignorância agora grita
Minha consciência critica
A quantos anos o conheço?
E nunca lhe tive apreço
O velho pode mostrar
Um universo, um mar
De conhecimento secular
Que lhe reservaram guardar
Me sinto o mais ignorante dos sábios...
Me sinto o mais sábio, dos ignorantes...