Sábio Ignorante

Encostado na parede do hangar

O velho está a fumar

Em suas mãos, a chave do mundo

Um livro(um Atlas Mundo)

Pra muitos passa despercebido

Ele não tem um sorriso amigo

Seus dentes são amarelos

Os que não o deixaram banguelo

Mas sempre quieto fica

Com a fala não intimida

E hoje apenas está

O livro a contemplar

Nem sei se ele sabe ler

Acho que ele também não sabe...

Ora, mas quanta maldade

Ele ainda pode crescer

E com sinceridade olha

Olhos se encontram, mostra

O sorriso amarelo esboça

A curiosidade vem à nossa

-Menino, você sabe ler?

-Sei sim, por que?

- Lê isso pra mim?

Ahh, quanta ignorância

Me envergonha tal petulância

Achar que posso ensinar

O velho a paz encontrar

(começo a ler exatamente assim)

-Mapa político, países baixos...

ensino o que está escrito e observo

Ele aspira um trago, matuto

Me mede e solta:

-A minha família é de lá

Meu pai que me trouxe pra cá

Minha mãe morreu lá

e eu nem pude vela(r)

-Sabe menino, você me mostrou minha casa

A ignorância agora grita

Minha consciência critica

A quantos anos o conheço?

E nunca lhe tive apreço

O velho pode mostrar

Um universo, um mar

De conhecimento secular

Que lhe reservaram guardar

Me sinto o mais ignorante dos sábios...

Me sinto o mais sábio, dos ignorantes...

Arthur Barbosa
Enviado por Arthur Barbosa em 10/06/2013
Código do texto: T4334153
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