Um certo livro chamado Sidarta

O que de valor se tira

da falsa dicotomia

entre cultura erudita e cultura popular?

Existe mesmo algo de valor nesse sentido?

Catei alguns restos de pão na cozinha,

comecei a escrever.

Enjoei do computador

e fui me distrair com Cecília Meireles.

Nova investida no texto.

Leio um trecho de O Nome da Rosa.

Ouço Mozart,

tiro um cochilo.

A vida assim me parece

uma resposta à ignorância

que nos assola hoje em dia.

Será?

Pena que o que eu faço

não me dá nem um milímetro de vantagem

sobre quem faz o oposto da alta cultura.

Somos todos pasteurizados pela mídia

numa massa amorfa de cidadãos

que não tem cidadania.

Enfim, a alta cultura

Se é que existe algo assim,

Não me dá direito a me achar

superior.

Afinal, quem disse

que essa é a melhor cultura?

No final, estaremos todos

dançando na boquinha da garrafa

e eu esquecerei de ler Hermann Hesse.

Esquecerei que para além de tudo isso,

seja cultura erudita, seja cultura do populacho,

existe um certo livro chamado Sidarta

e algo como a verdadeira espiritualidade.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 02/06/2013
Código do texto: T4322035
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