Um certo livro chamado Sidarta
O que de valor se tira
da falsa dicotomia
entre cultura erudita e cultura popular?
Existe mesmo algo de valor nesse sentido?
Catei alguns restos de pão na cozinha,
comecei a escrever.
Enjoei do computador
e fui me distrair com Cecília Meireles.
Nova investida no texto.
Leio um trecho de O Nome da Rosa.
Ouço Mozart,
tiro um cochilo.
A vida assim me parece
uma resposta à ignorância
que nos assola hoje em dia.
Será?
Pena que o que eu faço
não me dá nem um milímetro de vantagem
sobre quem faz o oposto da alta cultura.
Somos todos pasteurizados pela mídia
numa massa amorfa de cidadãos
que não tem cidadania.
Enfim, a alta cultura
Se é que existe algo assim,
Não me dá direito a me achar
superior.
Afinal, quem disse
que essa é a melhor cultura?
No final, estaremos todos
dançando na boquinha da garrafa
e eu esquecerei de ler Hermann Hesse.
Esquecerei que para além de tudo isso,
seja cultura erudita, seja cultura do populacho,
existe um certo livro chamado Sidarta
e algo como a verdadeira espiritualidade.