Quem sou
Não sou do jeito que imaginaram
Não sou do jeito que imaginei
Sou do jeito de me ver
Sem me arranhar demais
Nunca fui muito boa em contas
Em me manter equilibrada
De ficar muito tempo falante
Mesmo querendo escutar minha voz
Por muito tempo
Me percebi um brinquedo antigo
Um desenho sem contorno
Um meio largado em anos
Foi ruim sentir tanta náusea
Tanto medo de seguir em frente
De me ver como uma pessoa de vida
Normal pra se ter uma vida
A prisão de alma e comodidade
Faz muito mal quem quer ser livre
Quem não pode suportar paredes em volta
E dentro de si mesmo
Foram dias de solidão e vertigens
Foram sofrimentos aleatórios
Foram sem querer sentir
Foram horas amargas
Nunca tive tanta consciência
Do mal que eu mesma havia me feito
Dos momentos que perdi pensando não perder
Dos dias sem querer sair pra ver o sol
Pensando e pensando
Não haveria uma conclusão certa
Olhando e olhando
Do mesmo jeito que estava
Acho que a liberdade ainda vai me dar um nome
Acho que ainda preciso que ela me dê seu nome
Acho que preciso lutar pra ser quem eu sou
Quem falo e penso ser todos os dias.